Incomodados, parlamentares do PSL recorreram à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e ao prefeito Marcelo Crivella (PRB) pedindo a cassação dos trabalhos artísticos

Fernanda Nunes, para O Estado de S.Paulo em 29/02/2020 (acesse matéria original) RIO - A prefeitura do Rio suspendeu uma exposição no Rio por considerá-la uma ofensa a grupos religiosos. As obras do Coletivo Lavra fazem referência a imagens cristãs, como a de uma Virgem Maria transexual. Incomodados, parlamentares do PSL recorreram nesta semana à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e ao prefeito Marcelo Crivella (PRB) pedindo a cassação dos trabalhos artísticos e tiveram a reivindicação atendida. A exposição Todxs xs santxs - renomeado - #eunãosoudespesa estava aberta ao público no Centro Municipal Hélio Oiticica, no centro do Rio. O responsável pela obra polêmica é o artista plástico Órion Lalli, que no fim do ano passado chegou a sair do País porque estava recebendo ameaças. Em sua página no Facebook, em resposta a um comentário crítico à Virgem Maria Trans, ele afirma: "Pai! Perdoai, eles não sabem o que fazem... verdadeiramente vocês não estão entendendo nada mesmo". Na última quarta-feira, 26, o deputado estadual Márcio Gualberto (PSL) esteve no Hélio Oiticica e gravou um vídeo enquanto passeava pelas obras. "A pergunta que eu faço é se isso aqui deveria estar num espaço administrado pela prefeitura do Rio de Janeiro. Evidentemente que não. É de um extremo mau gosto, no mínimo", afirma no vídeo. Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) afirmou ter "compromisso com o respeito constitucional à liberdade religiosa e a todas as crenças". Disse também que os espaços sob sua administração recebem manifestações culturais de todas as linguagens e estilo e que um dos pilares da sua atuação é o respeito à liberdade artística. Segundo a secretaria de cultura, foi apresentada uma notícia crime na Decradi na quinta-feira, 27. "A Secretaria Municipal de Cultura respeitará o processo legal e aguardará a decisão judicial", acrescenta.