Evento foi idealizado após ataque à sede da produtora Porta dos Fundos. Representantes de diferentes segmentos da sociedade falaram sobre tema.

G1 Rio em 17/02/2020 (acesse aqui matéria original)

Um seminário realizado nesta segunda-feira (17) na Escola da Magistratura do Rio de Janeiro (Emerj) propôs um debate sobre liberdade de expressão e a possibilidade de fazer humor sobre religião. Representantes de diferentes segmentos da sociedade falaram sobre o tema no evento.

O diretor-geral da Emerj, desembargador André Gustavo Corrêa de Andrade, afirmou que os limites da liberdade de expressão devem ser buscados na constituição.

"É nos detalhes que a gente vai verificar quando há ou não violação de um direito e isso se constitui uma barreira para a liberdade de expressão", disse o desembargador.

Já a juíza Andréa Pacha disse que quando não há espaço para a palavra, o que resta é a violência.

"A gente, hoje, vive um momento em que a pretexto de afirmar liberdade de expressão tem se mascarado um discurso de ódio. Então, são questões muito sensíveis e que precisam ser discutidas e enfrentadas. O que não é possível é discutir sem debater e sem conhecer valores que são tão caros para a democracia", afirmou a magistrada.

Falaram sobre religião e liberdade de expressão o pastor da igreja batista Henrique Vieira; o presidente da Associação Nacional de Juristas Brasil-Israel, Carlos Roberto Schlesinger; e o presidente do Centro Árabe-latino de Cultura, xeique Jihad Hassan Hammadeh.

O humorista Hélio de La Peña disse que o humor está perdendo seu lugar, que as pessoas estão levando a piada a sério demais e que o que mais o incomoda é a falta de equilíbrio.

A jornalista Cora Rónai e a escritora Bianca Ramoneda, que se declararam ateias, afirmaram que são a favor da liberdade de expressão, do respeito e do diálogo.

"Não deve haver limite para nenhuma ideia, as ideias devem ser todas livres e todas discutíveis. Eu acho que não tem tema tabu", afirmou Cora.

Ataque à produtora

A ideia do seminário surgiu após o ataque à sede da produtora Porta dos Fundos, em dezembro de 2019.

O episódio aconteceu depois que o especial de Natal do grupo insinuou que Jesus teve uma experiência homossexual após passar 40 dias no deserto.